terça-feira, 12 de novembro de 2013

... e.



                                                                Fauzia_by_planet0


se a noite cai silenciosa, da ponta dos meus dedos frios escuto o eco surdo de um sol distante, noite negra e densa, brilha o astro longe, num sopro de vento noturno. Porque pensar nos homens, em suas aventuras ignóbeis e mesquinhas, diante de plácidos esgares e prazeres fugidios, se posso reter entre as mãos a mágica perpétua de fazer nascer os mais brilhantes astros na noite eterna? Meu coração funde-se ao brônzeo estalar dos metais, da terra seca rompe o talo espesso, meus pés fogem por pisar tão doce chão. Desci da minha torre — que não é mais que o refúgio de minhas noites insones — e piso a terra quente que me acolhe. Para mirar o céu deixo de ser humana: não mais posso estar entre estes que desprezo, se não os posso compreender as misérias e desacertos, o vento que me deixará encontrar o rastro do perfume que me desperta: diante estou da noite densa, um sopro e dissipam-se as sombras. Estou pronta.
 
[o. L., jun.2007]
 

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