quinta-feira, 14 de novembro de 2013

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para depois ferir a pele. Um sopro. Não toco sua cabeleira, dormes, mas minha respiração ressoa no quarto quase vazio. Não sei mais a cor dos meus olhos, tanto tempo faz que olhei o espelho. A areia fina caindo eternamente, grãos de sonhos perdidos para sempre, tão próximos e breves — você ressona, a cabeça pendente e a mão mais sublime suavemente adormecida. Posso sentir o sangue correndo nas veias azuis, o silêncio não é tão grande assim. Do fundo do meu oco, a música ressurge e não posso conter as lágrimas: é preciso estar mais perto da morte. A noite traz o cheiro doce de flores de maio, seu breve abandono não percebe — desperto de sonho atroz: a vida e a morte no movimento eterno.
 
 
 
Foto: @ Kyle Thompson
 

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