Astro dos dias, astro
das noites
de onde vens
desenrolando seus ciclos abolidos
da abóbada do céu dos
homens?,
pensou Bartolomeu, e continuou observando a ordem e a
desordem. Guardou no bolso esquerdo uma estrela menor, azulada, que parecia querer deixar de o ser, e mergulhou as mãos calosas na miríade de astros em
redemoinho.
Bartolomeu gostava mesmo era das estrelas que se juntavam
mágica e atonitamente, implodindo loucas, como querendo o amor, porque só o amor nos enlouquece de querer fundir-se em Um.
Era um dia estranho, naquele céu sem eclipses, e Bartolomeu pensou no paradoxo de um mundo finito. Abriu as mãos. Nenhuma estrela. E o crepúsculo avermelhava. Bartolomeu riu, seus poderes eram mais eficazes. As constelações lá estavam: envolvendo os sonhos dos homens prosaicamente fascinados, interrogando-se desde sempre,
porque provaram do fruto da inconsciência. Bartolomeu desceu a montanha.
Era possível que a noite brilhasse mais, então.
[o.L., dez.2001]
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