quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Bartolomeu




Astro dos dias, astro das noites

de onde vens desenrolando seus ciclos abolidos

da abóbada do céu dos homens?,


                                                              pensou Bartolomeu, e continuou observando a ordem e a desordem.  Guardou no bolso esquerdo uma estrela menor, azulada, que parecia querer deixar de o ser, e mergulhou as mãos calosas na miríade de astros em redemoinho.
 
Bartolomeu gostava mesmo era das estrelas que se juntavam mágica e atonitamente, implodindo loucas, como querendo o amor, porque só o amor nos enlouquece de querer fundir-se em Um.
 
Era um dia estranho, naquele céu sem eclipses, e Bartolomeu pensou no paradoxo de um mundo finito. Abriu as mãos. Nenhuma estrela. E o crepúsculo avermelhava. Bartolomeu riu, seus poderes eram mais eficazes. As constelações lá estavam: envolvendo os sonhos dos homens prosaicamente fascinados, interrogando-se desde sempre, porque provaram do fruto da inconsciência. Bartolomeu desceu a montanha.
 
Era possível que a noite brilhasse mais, então.
 
 
[o.L., dez.2001]



 

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