quinta-feira, 5 de junho de 2014

Ophelia

Constantin Meunier, Ophelia

Se a noite vem e o calor foge à pele como a sombra que apaga a luz nas pedras — já não sinto as mãos, e não posso contrariar os sentidos.  [Talvez eu não seja selvagem o bastante]. A lucidez crepita no excesso e o negro frio dessa noite — não sei o que digo, não sei o que penso —  Meu pecado é jogar-me na fogueira dessa chama que me queima lentamente. Ardo em fogo, mas é de gelo que vive meu corpo sem o calor necessário, e ardo como a serpente que envenenou Sarah, ou a loucura que levou Ofélia aos círculos de águas.  Os cabelos, vermelhos, ondulando nas águas turvas da noite. Mas. Isso. É. Literatura. Amor.


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