domingo, 1 de junho de 2014

“Não nasci para odiar, mas sim para amar.”



Frederic Lord Leighton, Antigone.


“Sem lágrimas, sem amigo,
sem himeneu, desgraçada,
pelo caminho que me espera
sou levada
Da luz o disco sagrado
não posso mais, infeliz,
contemplar.
A minha sorte, sem pranto,
amigo algum a lamenta.”
                                      [Antígona, Sófocles]


É essencial ler Sófocles. Tudo [o pouco] o que restou de suas tragédias. As minhas preferidas são Antígona e Filoctetes, mas também As Traquínias e Electra, ou Édipo Rei e Édipo em Colono. Para não estragar as surpresas e a beleza da leitura, eu só poderia sugerir fragmentos, pois a experiência em Sófocles é única, individual.

Em Antígona, a transgressão limite: o rito, a pureza, o sagrado, o sacrilégio, a mutilação, o amor, a guerra, o poder, o sacrifício, a morte. Tudo o que é excessivo numa natureza arrebatadora e inflexível. Antígora cede aos deuses e à sua essência, não aos seus tiranos. Em Filoctetes, a crueldade e a beleza na ilha de Lemnos : o horror, a chaga, a solidão, o ódio, o sofrimento. A vida dividindo-se entre a injustiça e o absurdo, a piedade, a mentira e a traição. A firmeza de caráter e a dignidade natural : Filoctetes cede aos deuses, não aos seus inimigos.

Sófocles é meu autor de Tragédias preferido. Com ele aprendi que todas as coisas podem ter duas ou mais verdades. Também aprendi [com meus mestres] que Sófocles muda a tradição clássica de seu tempo: ele cria as partes da tragédia de uma forma singular: o prólogo dialogado, o coro como parte do conjunto da obra, o que é uma das coisas mais lindas de suas tragédias.

                    “Muitos prodígios há; porém nenhum maior que o homem.”  [Antígona, Sófocles]



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