domingo, 18 de maio de 2014

O julgamento de Frineia

... o silêncio é a melhor morada
    contudo, partilho as horas que descem
    porque a imagem do mundo é mais selvagem.


Phryné devant l"Aréopage, 1861, Jean-Léon Gérôme


Hipérides arranca a túnica de Mnesarete.

Nua e trêmula, a bela cobre o rosto com o braço direito, mas só pode mesmo causar espanto e admiração aos juízes.  Eutias foi o responsável pela acusação contra Mnesarete, de ofensa aos deuses, crime punido com a pena de morte, a exemplo do que já havia ocorrido com a cortesã Teores, acusada por Demóstenes.

Eutias teria cortejado Mnesarete, propondo-lhe:  “O meu amor e cinco talentos ou meu ódio e a morte! Escolhe!”  Mnesarete o recusa, preferindo o orador Hipérides e, quinze dias depois, Eutias a denuncia no Tribunal dos Heliastas, como culpada de ter profanado a majestade das Tesmoforias – festa dedicada a Demeter, criadora da agricultura e do rito civil do matrimônio, a qual era celebrada em muitos lugares da Grécia, especialmente em Atenas.

Hipérides a defendeu com veemente eloquência e, para forçar os argumentos, mostrou o seio cândido da jovem aos juízes que, espantados ante tanta formosura, não puderam senão proclamar a inocência da bela sacerdotisa e mensageira de Afrodite.


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