sexta-feira, 18 de abril de 2014

Anotação para Ophiucus

A racionalidade empurra-me em direção ao real
mas o canto da noite [sob o céu desse abril]
soa como uma cítara triste

vejo pousar no invisível ser do mundo
a individualidade inerte
o espírito do silêncio
o ideal que não pode ser realizado
a realidade impenetrável :

se há forma humana nas dimensões espaciais
é porque o espírito que habita o sensível
rasga o véu do silêncio supremo
e a natureza exterior 
manifesta-se nos limites da alma [como um outro]
a intervalos regulares.

[Foto: Charlotte Spetalen]


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