domingo, 12 de janeiro de 2014

Paradoxos

[Foto: Justyna Dudzik]

São 00:07. Eis-me aqui, diante da tela brilhante. Estou um tanto cética. Um tanto emparedada. E há uma náusea, constante. Quero uma lembrança imperecível. E penetrar no reino das palavras. E mergulhar até o fundo. E águas. [...] Águas que ensurdeçam os sonhos. Para se ouvir os sonhos é preciso ouvi-los de perto ou de longe? As imagens falam, às vezes são até surdas. Mas é necessário ouvi-las. É assim com a música, por exemplo : pois que não existiria sem o silêncio. É necessário ouvir o silêncio. E então nascem. Sons. E os eternos paradoxos :  não é o silêncio, também, o ruído extremo do universo, ao ponto da surdez, já que são bilhões e bilhões e bilhões de astros explodindo em constante movimento nesse silêncio absoluto que é o Cosmos??? [...] Os paradoxos. Não somos Deus e nosso discurso não passa apenas de um discurso. Mas se não fossem os paradoxos nem sequer teríamos Deus. Como não teríamos música sem o silêncio. A permanência atroz das nossas necessidades mundanas ao mesmo tempo nos faz trilhar a senda da verdade e da ilusão. Não é fantástico? Há o murmúrio confuso das nossas almas: é o som de fundo, talvez, ecoando no espaço.  A nossa única esperança é não ter mais o que esperar. Esse é, também, um dos paradoxos budistas. A verdade é que a vida é, por si, um paradoxo. Estamos imersos nela, e a maioria não sabe sequer sentir-se viva. A maioria não se sabe sequer viva. Muitos andam por aí, como autômatos, buscando uma salvação externa. A salvação está no fim. E, nesse, nenhum Deus irá junto.


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