Yukio Mishima. A beleza.
É interessante ver sua literatura modificar-se, evoluir ao longo do tempo.
Palavras em Mishima: morte, Kabuki, obsessão, violência, docilidade, mar,
beleza, amor, rejeição, Hagakure, sangue, verdade, oriente, ocidente, bolhas de
sabão, sensualidade, amor sublime, Seppuku: adeus, Mishima.
A literatura nos atravessa como uma adaga, a manifestação de júbilo e
êxtase do corpo, longe dos domésticos vasos de flores. A mais pura verdade
muitas vezes submersa em sutis metáforas. Se todas as pessoas dedicassem pelo
menos 3 horas do seu dia à literatura, o mundo mudaria. Esse mundo que não quer
mudar, que deve permanecer na sua letargia de solidão e mediocridades. A imagem
reveladora da verdade do cotidiano e de tudo aquilo que se oculta na aparência
das coisas: essa é a verdade que nos é revelada pela literatura. Essa verdade é
que emociona, inquieta, abisma, transforma. Por isso essencial. Por isso perigosa.
Em tempos de desmoronamento, é preciso ler. É preciso rasgar o véu
sutil da ilusão e enxergar além da aparência artificial imposta. E a literatura
fecunda, mobiliza, enrijece e molifica. E pode trazer a mais pura [e temerária]
revolução: a da sensibilidade. A qual pode se tornar furiosa. E mudar o mundo.
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