recomeço do fim
na escuta das últimas vidas de gato – que me espreitam
ouço o sussurro de mortes outras, pálidas
sob o Sol de uma azul e sublime manhã
não, ainda não sei olhar em seus olhos de Jaguar
para ver o suplício a um passo do milagre
ou a ode de um amor esquartejado
– meu desejo é suave demais para um mundo árido
mãos invisíveis
tocam a caixa de Pandora
exalando um hálito acre e malsão
como sopros de uma eternidade estanque
a caixa gira
torce-se como a dança de Adão no Paraíso
seus músculos são um esplêndido e excêntrico desejo
de um viajante fútil e hedonista
a caixa de Pandora treme
como um Baco caído em outro século
treme de desejos de explodir
sua fúria subterrânea e necessidade de também Ser
na dupla face da superfície do espelho
apenas miro, em silêncio, a manhã azulada
com gosto de chuva e lírios e hortênsias
e, do outro lado, o crepúsculo em fogo cindido
desejo
desejo
desejo
e o que desejo é apenas tocar de leve o ar
e dissipar o bafo da morte
trancar a caixa em um lugar seguro
no coração do amor impossível
e repousá-la em sua harmonia de caos
a caixa de Pandora grita e se debate
como um encantado objeto de bruxa
mãos invisíveis desejam libertar todas as fúrias
e por milênios espalhar as tormentas
desejam deteriorar a fresca manhã, os segredos,
o Sol, o amor em forma de beleza
o amor-pássaro, amor-árvore, amor-flores, amor-amor
amor-ódio, amor-vida, amor-morte – equilíbrio necessário
no mesmo abismo
não mais há segredos:
a caixa gira e dança
como um astro na memória do Caos
profaná-la ou dissecá-la em palavras é inútil
é tornar-se semelhante a ela
e espalhar o mal obscuro
como uma criança tola
ao tocar a superfície do espelho
o enigma se rompe em horizontes opostos
e, ao reabrir os olhos, o gato espreguiça a última vida
fiel à sua essência, divino como o espírito que move a dança
numa face do espelho
a caixa estará sempre aberta
e na outra, fechada
para além do que sejam
cicatrizes e vermes, o coração e a rosa
cada um pode escolher e há sempre um preço:
a caixa permanecerá aberta ou fechada
mas a dança eterna no abismo, mutação incessante
para além do que seja humano ou inumano
continuará sob o olhar do Jaguar.
[toda morte é necessária, mas que seja suave, o mais belo Universo]
[se ainda restam, poucas, as batidas do coração]
tocam a caixa de Pandora
exalando um hálito acre e malsão
como sopros de uma eternidade estanque
a caixa gira
torce-se como a dança de Adão no Paraíso
seus músculos são um esplêndido e excêntrico desejo
de um viajante fútil e hedonista
a caixa de Pandora treme
como um Baco caído em outro século
treme de desejos de explodir
sua fúria subterrânea e necessidade de também Ser
na dupla face da superfície do espelho
apenas miro, em silêncio, a manhã azulada
com gosto de chuva e lírios e hortênsias
e, do outro lado, o crepúsculo em fogo cindido
desejo
desejo
desejo
e o que desejo é apenas tocar de leve o ar
e dissipar o bafo da morte
trancar a caixa em um lugar seguro
no coração do amor impossível
e repousá-la em sua harmonia de caos
a caixa de Pandora grita e se debate
como um encantado objeto de bruxa
mãos invisíveis desejam libertar todas as fúrias
e por milênios espalhar as tormentas
desejam deteriorar a fresca manhã, os segredos,
o Sol, o amor em forma de beleza
o amor-pássaro, amor-árvore, amor-flores, amor-amor
amor-ódio, amor-vida, amor-morte – equilíbrio necessário
no mesmo abismo
não mais há segredos:
a caixa gira e dança
como um astro na memória do Caos
profaná-la ou dissecá-la em palavras é inútil
é tornar-se semelhante a ela
e espalhar o mal obscuro
como uma criança tola
ao tocar a superfície do espelho
o enigma se rompe em horizontes opostos
e, ao reabrir os olhos, o gato espreguiça a última vida
fiel à sua essência, divino como o espírito que move a dança
numa face do espelho
a caixa estará sempre aberta
e na outra, fechada
para além do que sejam
cicatrizes e vermes, o coração e a rosa
cada um pode escolher e há sempre um preço:
a caixa permanecerá aberta ou fechada
mas a dança eterna no abismo, mutação incessante
para além do que seja humano ou inumano
continuará sob o olhar do Jaguar.
[toda morte é necessária, mas que seja suave, o mais belo Universo]
[se ainda restam, poucas, as batidas do coração]
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