o pássaro-peixe era o barqueiro
na imagem invertida do lago
uma duas três
três nuvens refletidas na superfície
vibram águas longínquas de sonhos-pesadelo
e uma lembrança qualquer de ilhas-estrelas
escorrendo o próprio curso
na hora parada dos relógios do Estige
sob os remos do barqueiro
algas flutuantes como os cabelos de Ofélia
acalmam meus pensamentos delirantes
pálida-musa em rubros desesperos
encantada pelo amor
na solenidade de seus silêncios
a matéria da terra
a pedra muda
a água
o fogo da alma
tudo se dissolve
no mistério de existir
não sei onde perdi a memória dos meus dias de árvore
para abandonar-me em águas germinais
o que sei
é que mistérios e loucura se movem nas profundezas das vagas
[* diários de surto – dilaceramentos desse mal estranho]
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