O homem que conhece
a si e sabe onde navega não pode ser escravizado, ele não pode ser feito
prisioneiro, nem por ideias, nem por amarras : afasta-as, segue seu caminho,
criando outras possibilidades. E pronto. A miséria humana não está na falta de
bens. Mas nos que aceitam sem questionar
e se tornam escravos robotizados. Alguns não querem ser perturbados, ainda que
se encontrem na miséria. Permanecem na miséria, acostumaram-se com isso, e qualquer um que não seja um miserável parece
um estranho. Pensar, criar, criticar, mostrar as defesas frágeis, as rachaduras
da fortaleza, esse é o que parecerá estranho. Incômodo. Da mesma forma que se
criam idiotas que repetem um discurso e pensam que estão numa situação
favorável, sem preocupações [“com tudo indo numa boa”] criam-se os miseráveis.
Miséria de espírito. Miséria de condicionamentos. Esses idiotas também creem
que se se eles forem “confundidos com isso e aquilo” isso “poderá atrapalhar
sua bela trajetória” e por isso se mantém inermes. [Para esses, vale o manual
best seller da idiotice: “não mexam no meu queijo...”]
Mas, diante da força corrosiva dessa miséria, felizmente, nasce a resistência : o rebelde, o desajustado. É ele que, de fato, quebra as correntes do condicionamento repressivo e das opiniões estagnantes da sociedade. O rebelde, o desajustado não luta com alguém ou contra qualquer coisa, ele apenas sente que sua natureza verdadeira é o desajuste e está determinado a viver de acordo com ela. Ele não aniquila, não esbarra na infâmia, mas é suficientemente corajoso para assumir responsabilidade por quem ele realmente é e pelas ideias que defende. Não importa o vento ou o cheiro de podre que venha do norte ou sul, ele afastará a podridão, a infâmia, a idiotice e seguirá.
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