segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Artifícios


                                                                     [Foto: Louise Bourgeois]


Quem é o poeta? Quem o artista? Ambos utilizam a potência do falso para instaurar o verdadeiro. Entre o verídico e o verdadeiro, se inscreve o grande enigma da criação. Reencenar, pesquisar, atuar, buscar, romper e transformar pura e simplesmente o que existe : este é o desafio do criador. Abro os olhos, risco de giz os artifícios muitos. Algo aparece nas entrelinhas, como mágica de fogo que do céu é como um deus, e outro encontra o percurso inverso, da palavra estanque, muda, rígida que permanece como pedra bruta. O objetivo: instaurar uma realidade densa e viva onde possa realmente existir e morrer num átimo. Existir é sempre a mesma dor, mas é nas relações entre material e artifício entre palavra e ato, entre imagem e espectro que nasce esse instante último, fugaz e paradoxalmente eterno da criação. Depois é a morte, a veracidade das imagens que flutuam no espaço, nunca mais pertencente ao criador.


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