L´hermafrodite endormie, (sculpture, antiquité Grecque, periode 323-31 a.v J.-C, Musée du Louvre).
Sonhos ásperos. O céu turvo em lilases. Ao despertar, o que
acontece? Vejo passar os carros velozes, vejo as pessoas indo a nenhum lugar
algum, vejo que há fissuras e é por elas que escolho passar, por entre
angústias de despedidas e chegadas. A vida sucessiva, a espera, os
esquecimentos. O que somos senão memórias anciãs vagando no espaço estelar?
Meu sonho vaga como um prenúncio. Esqueço-me do ontem, o sonho
múltiplo com cheiro de tuias maceradas, espaços moventes e cambiantes, o sonho
em que descem nomes sem nomes de naves transparentes. O que sonho? Pura loucura
que habita todo o espaço e todas as vidas de outrora no cinzento abismo estelar.
Minha memória reflete o céu e não há nenhuma explicação para isso.
O que estou escrevendo? Seria o sonho a sucessiva imagem
habitada de cada haste, de cada ser, de cada grão de areia, de cada nuvem e de
cada vida? Que estranha memória eterna e única forma narrativa dos sonhos que
nos habitam?
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