domingo, 22 de outubro de 2017

Tormentas


IRAS 16399-0937  [NASA/ESA Hubble Space Telescope image]


Ouço inevitáveis ecos de estrelas distantes
tormentas e explosões em escalar medida
ferozes, dentro e fora de mim fluem abóbadas  cintilantes
átomos de todos os momentos dançam dançam
do passado, do antes mesmo, e do depois do antes  –

eu deveria tocar os desastres que erram 
ousar abri-los com a ponta dos dedos 
e esperar, esperar, esperar 
tudo retornar ao abissal caos primordial

mas, no escuro, minha fronte treme 
astros arrastam-me e dançam ao redor
em vagas de grande força, o silêncio dentro do estrondo
como pétalas que por algum modo mortal crescem

o silêncio é o tempo aberto no caos
já não tenho medo de cair no céu
onde o ar limpo e fino verga-se como músculos distensos
 –  o inevitável dança de novo e de novo, em ínfimos sopros
como uma concha antes do sempre. Aeternum.




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