Há um peixe no tanque
de alguma memória antiga
infância remota e desbotada
infância que se perdeu sob giz e pó
infância que se esqueceu.
Mas o peixe insiste
como se escapasse por uma fresta
e escorregasse sob as luzes do tempo.
Tenho um coração estranho
preso às horas, vibra como a corda
partida
de um violino abandonado
com um êxtase exagerado
nota que ecoa no escuro azul do céu
– om om om
om om om –
Sob a luz do Sol poente
não deveria o peixe fazer a travessia?
As lembranças escorrem como água da
chuva
e caem no tanque de lodo:
era um sonho? não era um sonho?
A memória é como a loucura que
insiste.
O peixe canta, uma nota no fundo do
tanque.
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